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by Coach Zego
AS MENINAS DE BUON MA THUOT
Do trajeto onde dormia até o ginásio de esportes tinha de caminhar uns 500 metros.
Havia uma rua bem simples, ainda de terra batida e dura, algumas casas e terrenos abertos sem cercas de arame.
Podia-se entrar livremente onde desejasse.
Um conjunto de lápides despontava em um terreno à vista desde o início da via.
Os túmulos olhando desde a rua eram diferentes daqueles de outros lugares.
Certa vez resolvi entrar e percorrer esse pequenino cemitério.
Muito pequeno mesmo.
Comecei então com certa curiosidade a observar fotos de pessoas mortas geralmente bem idosas bem na frente de cada lápide.
Em um dado momento, me detive ao deparar-me com uma foto distinta das demais.
Eram duas meninas bem jovenzinhas e idênticas.
Sentei-me ao lado absorvido em pensamentos do que poderia haver acontecido com aquelas meninas.
O olhar das meninas era de uma doçura incrível.
Elas tinham um rosto e olhos extremamente delicados.
Algumas vezes passei a visitá-las sentando-me a sua beira.
Sentia realmente necessidade de vê-las ali. Em uma dessas visitas notei uma senhora entrando no diminuto cemitério e pareceu-me caminhar em minha direção.
Ela me fitava e chegava mais e mais perto.
Olhos tristes marejados ela abaixou-se fazendo a clássica reverência dos orientais.
Aguardei uns poucos segundos.
Ela apontou com o dedo em direção a foto e depois em seu peito.
Retirou vagarosamente do seu bolso uma outra fotografia daquelas meninas e uma jovem senhora que imediatamente relacionei sendo esta senhora a minha frente a mãe das menininhas.
Delicadamente peguei a foto muito suavemente e aproximei-a de meus olhos.
Já as lágrimas dela corriam em abundância pela sua face.
Ela emitiu uma palavra que explicou tudo.
"Accident. Accident."
Fiz sinal com a cabeça que havia compreendido.
Ela agachou-se discretamente e sentou-se sobre uma grande pedra.
Disse-me palavras em sua língua as quais eu buscava decifrar, mas o tom de voz triste e melancólico refletia a sua profunda tristeza com mais clareza que suas próprias palavras.
Depois de algum tempo ali ela despediu-se segurando em minhas mãos com ternura e se foi caminhando em dolorosos passos pelo caminho.
"Algumas outras vezes estive no cemitério.
Nunca mais encontrei-me com a mãe das meninas.
Contudo, a lembrança das meninas e sua mãe me perseguem impregnadas em minha memória e de tempos em tempos ressurge como se as tivesse conhecido muito vivas em um passado distante."
AS MENINAS DE BUON MA THUOT
Do trajeto onde dormia até o ginásio de esportes tinha de caminhar uns 500 metros.
Havia uma rua bem simples, ainda de terra batida e dura, algumas casas e terrenos abertos sem cercas de arame.
Podia-se entrar livremente onde desejasse.
Um conjunto de lápides despontava em um terreno à vista desde o início da via.
Os túmulos olhando desde a rua eram diferentes daqueles de outros lugares.
Certa vez resolvi entrar e percorrer esse pequenino cemitério.
Muito pequeno mesmo.
Comecei então com certa curiosidade a observar fotos de pessoas mortas geralmente bem idosas bem na frente de cada lápide.
Em um dado momento, me detive ao deparar-me com uma foto distinta das demais.
Eram duas meninas bem jovenzinhas e idênticas.
Sentei-me ao lado absorvido em pensamentos do que poderia haver acontecido com aquelas meninas.
O olhar das meninas era de uma doçura incrível.
Elas tinham um rosto e olhos extremamente delicados.
Algumas vezes passei a visitá-las sentando-me a sua beira.
Sentia realmente necessidade de vê-las ali. Em uma dessas visitas notei uma senhora entrando no diminuto cemitério e pareceu-me caminhar em minha direção.
Ela me fitava e chegava mais e mais perto.
Olhos tristes marejados ela abaixou-se fazendo a clássica reverência dos orientais.
Aguardei uns poucos segundos.
Ela apontou com o dedo em direção a foto e depois em seu peito.
Retirou vagarosamente do seu bolso uma outra fotografia daquelas meninas e uma jovem senhora que imediatamente relacionei sendo esta senhora a minha frente a mãe das menininhas.
Delicadamente peguei a foto muito suavemente e aproximei-a de meus olhos.
Já as lágrimas dela corriam em abundância pela sua face.
Ela emitiu uma palavra que explicou tudo.
"Accident. Accident."
Fiz sinal com a cabeça que havia compreendido.
Ela agachou-se discretamente e sentou-se sobre uma grande pedra.
Disse-me palavras em sua língua as quais eu buscava decifrar, mas o tom de voz triste e melancólico refletia a sua profunda tristeza com mais clareza que suas próprias palavras.
Depois de algum tempo ali ela despediu-se segurando em minhas mãos com ternura e se foi caminhando em dolorosos passos pelo caminho.
"Algumas outras vezes estive no cemitério.
Nunca mais encontrei-me com a mãe das meninas.
Contudo, a lembrança das meninas e sua mãe me perseguem impregnadas em minha memória e de tempos em tempos ressurge como se as tivesse conhecido muito vivas em um passado distante."